sábado, 16 de agosto de 2008

‘Assistiríamos clássicos como Bonequinha de Luxo e A vida é bela, se você não tivesse partido. Seria uma noite tão perfeita. Tão perfeita quanto aquela noite. Imagino como seria sua expressão quando eu lhe contasse. Se for um menino, seu nome será Stuart, como o seu. Se for uma menina, será Judith. Lembra quando nos conhecemos? Você jurava que meu nome era Judith. Será nossa Judith e toda vez que eu olhar para o seu rostinho, lembrarei do seu rosto perfeito, com a cara de bobo que eu amava, dizendo, e então, Judith, o que vamos fazer hoje? E eu respondia que o meu nome não tinha nada a ver com Judith.’

Apesar da aparente alegria de Elizabeth ao escrever os trechos diários da carta, havia uma marca ainda mais profunda e incurável: a dor da perda de Stuart. Ele a deixou dois dias antes do jantar em que ela contaria que esperava um filho seu. Ele a amava e, realmente, seu sonho era ter o fruto desse amor sendo gerado no ventre daquela pela qual daria a vida.
Para ela era como se ele tivesse apenas saído de férias, como se ele fosse voltar para dizer a ela e ao bebê que os amava. Foi tudo muito súbito e doloroso. As marcas das lágrimas que Vanessa derramou, estão até hoje como esboço no papel. Sabia que Stuart não leria nenhuma das palavras que ela escrevera, mas agora era só ela e o bebê, precisava dizer a alguém sobre os seus sentimentos.

‘Lembro-me de quando questionei a você a existência de um Deus. Você me ensinou que eu deveria amá-lo mais do que amava você, mas nem sempre é tão fácil fazer isso. Talvez o que carrego agora seja o fruto não só do nosso amor, mas do erro que cometemos. Será que Ele me perdoará? Você disse que ele perdoa a todos, tenho certeza de que nos perdoará. De que me perdoará. Para onde você vai, Stu?’

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